ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA


O SUMIÇO DOS SAPATOS

Antônio, João e Pedro são três amigos, todos se deram bem em suas profissões. Muito bem casados, famílias bonitas. Três bons burgueses, vencedores, sem muitos problemas financeiros. Os três padecem de um grave defeito, têm compulsão incurável por uma rapariga, são mulherengos incorrigíveis. Resolveram então dividir uma casa para que fosse diminuída a despesa de motel, ter mais conforto e segurança. Alugaram uma casa ideal no Clima Bom, quatro quartos avarandados envolvendo uma bela piscina, lindo jardim, muito verde, formosa e aconchegante residência, local discretíssimo.
Tornou-se tradicional o almoço às sextas-feiras. Depois de um banho de piscina, uisquinho, é a vez do prato principal. A cozinheira Dona Conceição, apronta uma tremenda feijoada, o prato favorito de Antônio, que, muito comunicativo leva amigos para o famoso almoço. Numa sexta-feira Antônio quase perde o casamento de um sobrinho. Dona Clarissa, a esposa, telefonou para seu celular às seis da noite, Antônio, na cama, recebia os carinhos de Iracema, uma bela morena de Palmeira dos Índios. A esposa lembrou o casamento do sobrinho, pediu para ele apanhar a sogra no Farol, ia para o casamento com eles.
Antônio olhou a hora, restava pouco tempo, fez o que tinha que fazer, pediu a Iracema para dar uma pressa. Despediu-se do pessoal, dirigiu-se com a rapariga em direção ao carro, ela entrou descalça, levava entre os dedos um belo par de sapatos marrom glacê, cor da moda. Ele deixou a namorada perto da casa da sogra, na Pitanguinha. Numa bela casa da Rua Goiás buzinou, a sogra desceu e rapidamente entrou no carro. Foram em direção à Ponta Verde, Antônio mora num luxuoso Edifício. No caminho conversam amenidades, ela reclamando dos sapatos apertados, sorria com as histórias do seu genro. Antônio era o sexto entre genros e noras de Dona Silvana, o mais querido, pelo seu humor e sua simpatia. Atrasados, a sogra não desceu quando o carro parou na Praça em frente ao edifício. Antônio subiu às pressas, e conseguiu se aprontar antes de Clarissa, desceu imediatamente ao carro. A sogra já estava aninhada no assento traseiro do BMW azul marinho, super luxo.
Antônio entrou, sentou no banco da direção, de repente ao olhar o chão do carro, ficou apavorado, lá estava um par de sapatos marrom glacê. Veio-lhe uma aflição, ficou aperreado, fulo de raiva da rapariga que havia deixado uma prova autêntica no carro. Amadorismo! Antes que Clarissa descesse, apanhou disfarçadamente os sapatos, numa manobra circense conseguiu jogá-los entre os coqueiros da Praça, perfeita discrição. A sogra, no banco de trás, nem percebeu.
Partiram os três para a igreja de Santa Terezinha, no lindo mirante do Farol. Casamento altamente concorrido, elegante, entre duas tradicionais famílias, igreja cheia. Entre os padrinhos estavam o governador, dois senadores e Antônio. A fina flor da sociedade, alto luxo, lindos vestidos decotados das mulheres que faziam o charme daquele badalado evento social, considerado pela cronista social Lílian Rose, como o casamento do ano.
Assim que estacionou o BMW, Antônio desceu junto com Clarissa, como um cavalheiro, foi ajudar a sogra a sair do carro. Nessa hora Dona Silvana estava afobada procurava os sapatos, tinha certeza que os deixou no chão da frente do carro. Imediatamente Antônio percebeu sua tremenda mancada, havia jogado fora os sapatos da sogra pensando serem da rapariga.
Mexeram e remexeram todo carro. Cansados, desistiram da procura, ninguém sabia explicar, ficou para sempre o grande enigma do sumiço dos sapatos de Dona Silvana. Antônio foi com a sogra buscar outro par de sapatos. No íntimo estava às gargalhadas. Durante a bela recepção no Bufê Favo de Mel, Antônio sorria, divertido, um copo de uísque e gelo na mão, com seu alto astral e bom humor, contou-me a incrível história do sumiço dos sapatos marrom glacê.

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