ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA


A CARTA DE HELENA


Recebi um e-mail com uma história, pedindo para que eu a transformasse em crônica; preferi mexer um pouco, enxugar, e reproduzir, segue a carta (email) abaixo:
“Meu querido cronista.
Primeiramente quero dizer, sou sua fã, adoro tudo que você escreve, suas histórias serão importantes para pesquisadores conhecerem o modo de vida, os costumes do século XX e XXI. São escritas com humor e ironia, você arrasa a hipocrisia da sociedade, é um iconoclasta. A alegria dessa cidade.
A finalidade dessa curta carta é contar minha história, gostaria muito que a transformasse em uma crônica bem humorada, será minha glória, guardarei pelo resto da vida. História simples, tenho certeza que aconteceu com muitas mulheres de minha idade, 45.
Fui educada no Colégio Santíssimo Sacramento com todo rigor religioso, temente a Deus. Querendo alcançar as graças dos céus fui muito comportada religiosamente, rezando e assistindo missas com medo do demônio e do inferno. Em minha adolescência era meio abestalhada, só namorei, com permissão de meus pais, quando completei 17 anos. Namoro de portão, depois das nove da noite, entrava, sentava num balanço confortável no terraço de minha casa. Com dois meses de namoro permiti meu namorado dar um beijo na boca, fiquei excitadíssima, ao dormir senti a calcinha toda molhada. O namoro foi evoluindo, eu adorava o beijo na boca com as línguas se envolvendo, logo meu namorado alisou os seios, veio o desejo, deixei-o à vontade, eu achava delicioso, suas mãos entrando pelo decote e apalpando meus mamilos. Até que certa noite, meu pai olhou pela fresta da janela, nós não percebemos, continuamos o amasso gostoso; de repente a porta do terraço se abriu, meu pai gritou: “Para dentro Helena!”. No mesmo instante me ajeitei, ao perceber a situação, o namorado deu um pique, só o vi muito tempo depois. Meu pai estava com um cinturão, deu-me duas doloridas lapadas, gritando: “Eu vi o sacana segurando sem seu peito, não quero puta em minha casa,” e tome cinturãozada. Fiquei de castigo por três meses, só ia às aulas. Foi meu primeiro trauma sexual.
Anos depois tive o segundo namorado, um rapaz sério, estudante de engenharia, minha mãe tinha maior orgulho, dizia que o jovem era tradicional e religioso, havia dois padres na família, eram educados e gentis. Por ser família conservadora, eram também esnobes e preconceituosos. Certa vez proibiram Lili, a irmã, namorar Arnoldo, um belo e promissor rapaz, por causa de sua negritude. Namorei um ano com o nobre, tínhamos intimidades, entretanto, nunca íamos longe. Certa vez em sua fazenda, estávamos os dois deitados numa esteira, ele me abraçou, eu senti o volume de sua excitação entre minhas pernas, tive uma vontade irresistível e segurei seu enrijecido documento masculino. No mesmo momento ele me afastou, me repreendeu: “Quem faz isso é puta! Eu sempre disse aos amigos, jamais me casarei com uma namorada que segure no meu pau!”. Fiquei abalada o resto do dia, foi meu segundo trauma sexual; em casa, antes de dormir chorei até o dia clarear, me senti uma rameira. O namoro acabou.
Três anos depois me casei com o terceiro namorado com quem vivi cerca de 20 anos até ele morrer num desastre. Sentindo-me nova, ano passado comecei a sair com amigas, no Orákulo, no Buguenvilia, arranjei namorado, transei, não senti coisa diferente de meu finado marido. Até que encontrei Robério, gente fina, divertido e alegre, me disse no ouvido, “Vou lhe levar aos céus”. Eu fui sem saber que o céu se iniciava num motel. Na cama me beijou como se chupa uma jaca madura, deitou-me, conseguiu amarrar minhas mãos na cama, depois os pés. Meu namorado com seu jeito louco beijou e assanhou meus cabelos, foi descendo, descendo, fiquei alucinada, nunca pensei na vida que aquilo existisse, eu achava esse tipo de fantasia ser perversão, depravação. Que nada! Que bom! Depois, gentilmente, fizemos amor. Eu não sabia, foi a primeiro orgasmo de minha vida, com 45 anos!!!!
Sei que sou uma retardada, tive esses traumas sexuais na juventude, durante meu casamento me contive inconscientemente, era apenas feijão com arroz, só agora estou encantada com os sabores variados de uma peixada apimentada, de uma buchada ou de uma manga bem chupada. Posso dizer, sou uma mulher feliz, encontrei um prazer que me foi privado durante anos por preconceitos. Espero que transforme minha cartinha em bonita história de uma mulher simples, uma Helena, que não é de Tróia, mas forte, cheia de amor e alegria para dar e receber.
Um abraço de sua fã.
Helena (pseudônimo, claro)”

2 comentários:

Ângela disse...

Sou psicoterapeuta e recebo em meu consultório mulheres maduras que tiveram educação sexual rígida a ponto de não ter nenhuma intimidade com o noivo. Casando, nunca obtiveram orgasmos. Uma delas( mesmo casada) procurou por homens que pudessem dar prazer a ela, sem sucesso. O que conseguiu foi muita culpa e arrependimento. No entanto,na masturbação descobriu não ser frígida. Isso é mais comum do que se pensa. Sorte da Helena que conheceu um orgasmo com um homem. às vezes elas questionam o valor que os "machos" atribuem ao pênis, uma vez que até um vibrador, ou outro tipo de excitante, são mais eficientes que eles (homens.)

Eduardo de Paula Barreto disse...

HELENA





Helena é dona dos cabelos que afago,

Dos lábios que mastigo,

Do ventre que invado,

Da libido que instigo.



Helena é dona dos seios que me embriagam,

Das curvas onde escorrego,

Das pernas que me embaraçam,

Dos encantos aos quais me entrego.



Helena é dona dos sonhos que acalento,

Da magia que me permite ter esperança,

De cada agradável e inesquecível momento,

A mais pura música e a mais sensual dança.



Helena é dona do suor que transpiro,

Dos poemas que ainda não escrevi,

Das emoções pelas quais suspiro

E é por causa dela que jamais parti.



Helena é dona do livro da minha vida,

Modelo no qual se espelham as flores dos jardins,

A sempre disponível guarida

E simplesmente a eterna dona de mim.



Eduardo de Paula Barreto
www.opoetizador.com