ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS


CADETES DO BRASIL


O homem é o produto do meio já dizia Freud, se não disse, eu digo agora. Hoje quase setentão, sou conseqüência de minha infância e juventude, sou um produto de minha educação, minha família, o Colégio Diocesano, os irmãos maristas ensinando religiosidade foi de uma estimulante base para minhas convicções cristãs. E o Exército Brasileiro deu-me régua e compasso para forjar o caráter, o amor a esse país, o nacionalismo forte que tenho arraigado. O jovem quando entra numa Escola de Formação Militar, deixa a convivência de seus pais, irmãos; a família passa a ser os colegas que lutam a seu lado na formação. O ensino dentro das Escolas Militares é de uma exemplar organização. A formação de um oficial passa por códigos militares e código de honra. Só como exemplo, durante uma prova numa sala de aula, o professor entrega a prova a cada cadete e sai da sala. Ninguém cola, essa formação de honestidade e estoicismo explica uma histórica que se tornou lenda, se tornou mito, existem algumas outras versões, entretanto, por pesquisas, a que mais se aproxima da verdade, é essa que retrata o caráter, o estoicismo dos cadetes do Brasil, que se tornaram oficiais do Exército Brasileiro.
No início de 1943, tempo de II Guerra Mundial, a construção da Academia Militar das Agulhas Negras havia parado por falta de verbas; funcionava no Rio a velha Escola Militar de Realengo, instituição que formou muitos militares conhecidos no século passado, como Castello Branco e os outros generais.
Naquela época uma das diversões do cadete era montar nos dias de folga. Oito amigos nos fins de semana costumavam cavalgar. Oito companheiros inseparáveis saíam sempre juntos, um ajudava ao outro nos estudos, nas dificuldades. Irmãos por escolha, por opção. Em algumas noites eles costumavam sorrateiramente cavalgar até uma boate de mulheres. Naquela época prostituta namorava. Os oitos cadetes vestiam-se apenas com pelerine (capa militar azul marinho sem mangas), botas e o quepe a Príncipe Danilo, o mulherio se assanhava quando eles apareciam. Havia um detalhe: por baixo das pelerines eles nada vestiam, todos nus; faziam farras tremendas no cabaré. Os cadetes cavalgavam nus, dançavam nus, apenas cobertos pela pelerine. Certamente iam nus para os quartos das prostitutas apaixonadas. Era alto risco, se fossem apanhados pela Patrulha Militar pegariam cadeia ou até expulsão.
Certa noite depois de dançar com as mulheres, depois de se deitarem com as “namoradas”, os oito amigos montaram nos cavalos escondidos no mato e com um grito de comando dispararam pela estrada de barro retornando a Realengo. Quando passavam por uma rua, por volta das 23 horas, perceberam numa esquina escura quatro homens assaltando, batendo num senhor que pedia clemência, que não lhe matassem. Os cadetes, os oitos cavaleiros, não precisaram combinar, puxaram as rédeas e os cavalos dirigiram-se para o local do assalto, com destemor e garra desmontaram dos cavalos ainda a galope, agarraram os bandidos. Dois socorreram o cidadão que já devia ter mais de 50 anos, os outros prenderam os marginais. Entregaram os facínoras numa delegacia próxima, e o velho ferido foi deixado num hospital.
Na segunda-feira durante a formatura matinal, o comandante da Escola pediu à tropa para que os cadetes que tinham salvado a vida de um cidadão se apresentarem, o filho desse senhor estava ali para agradecer. Os oito amigos não se revelaram, receio de pegar cadeia. Só depois do comandante muito insistir e promessa de não haver punição, os cadetes se apresentaram. Foram levados à presença do velho no hospital. Era nada mais nada menos que Henrique Lage, um dos homens mais ricos do Brasil, donos de empresas, inclusive o Loyde Nacional, companhia de navios que fazia a costa brasileira. O rico senhor agradeceu aos cadetes e perguntou qual a precisão de cada um, eles dissessem o que queriam, casa ou carro, ou o que fosse. Os oito amigos pediram para pensar. Reuniram-se, discutiram muito. No outro dia foram ao ricaço, nada queriam para eles, pediam que ele ajudasse a terminar a construção da Academia Militar das Agulhas Negras que estava paralisada. O velho deu a ordem, mandou buscar o mais fino mármore de Carrara na Itália para o revestimento, mandou comprar todo o piso da Academia em granito. Até hoje perdura o luxo e a suntuosidade daquele belíssimo conjunto arquitetônico. A AMAN é considerada a mais bonita Academia Militar do mundo, graças à digna história dos oito cadetes, hoje anônimos militares reformados de nomes esquecidos, mas o belo gesto, a coragem, o destemor e o amor à sua Escola tornaram-se lenda, sempre lembrada nas reuniões militares.
OBS- MINHAS HOMENAGENS AOS 42 COLEGAS DA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS QUE SE CONFRATERNIZAM EM MACEIÓ

Um comentário:

Anônimo disse...

Poxa. belissimia historia. eu a desconhecia!