ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

DEU NO BLOG "ACREDITANDO NO TRUQUE"

DIÁLOGOS IMPOSSÍVEIS
[Este foi verídico, aconteceu em Salvador, Bahia – e onde mais poderia ter acontecido? Só os nomes foram trocados:]
A senhora elegante entrou no táxi, disse o endereço. O taxista deu partida no carro, olhou com cuidado a passageira pelo retrovisor, e perguntou, com um sorriso:
— Dona Amélia, a senhora não está me reconhecendo?
Ela viu por trás a cabeça raspada do jovem, o pescoço grosso, braços fortes ao volante...
— Meu filho, não estou reconhecendo, não. Desculpe, estou velha, não enxergo mais direito, a memória falha…
— Pois eu sou o Neto, filho da Maria, que trabalhou na sua casa!
— Claro, meu filho, agora me lembro! Nunca lhe esqueci! Mas como é que eu podia lhe reconhecer, se a última vez em que lhe vi você era um menino? Tinha o quê, uns 12 anos? Pois é! Que coisa boa lhe rever, que moço bonito você ficou! E como vai sua mãe?
A partir daí desenvolveu-se entre os dois intenso e amistoso diálogo. Neto havia passado a infância na casa de dona Amélia, até os doze anos de idade, quanta sua mãe decidira voltar para o interior, e ele a acompanhou. Mais tarde decidira tentar a vida em Salvador, ralara um bocado até virar taxista, agora estava casado, com dois filhos… Já dona Amélia enviuvara, seus filhos haviam se formado e se casado, ela tinha netos e até uma bisneta… A conversa ia longe, muito animada, um contando pro outro as novidades, quando o táxi chegou ao destino.
— Meu filho, sempre que quiser, apareça, quero conhecer sua família. E diga a sua mãe para, quando vier a Salvador, vir me ver. Quanto foi a corrida, Neto?
E o Neto, voz calorosa:
— Ora, dona Amélia, vá tomar no cu! E eu lá vou cobrar corrida da senhora?

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