ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

Um Blog feito pelos leitores

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

O NAMORADOR
Napoleão sempre foi mulherengo, ainda criança enquanto brincávamos de cowboy pelas beiras do Riacho Salgadinho, Popô se divertia paquerando empregada doméstica em seu passeio noturno depois da faina diária ouvindo gritos de patroa. Moças carentes, a maioria vinda do interior, não havia preconceito com idade, meninos adolescentes, elas queriam amar. Popô, por conta desse detalhe, acabou sua virgindade com 13 anos às margens plácidas do Salgadinho com uma bela morena de Porto Calvo empregada do vizinho. Ele era precoce em assuntos de mulheres, seus amigos tinham maior inveja dos casos contados, muitas vezes mentirosos, mas sempre com bom humor e boa pitada de sexo.
Durante a juventude não namorava moça recatada, virgem, como os amigos; queria mulher madura que pudesse lhe aliviar os desejos constantes e insaciáveis. Napoleão casou-se com 37 anos, já maduro, todos pensavam, ele iria tomar juízo, entretanto, o coitado não se acostumou com a vida de casado, continuou como se fosse solteiro, desejando todas as mulheres do mundo. Certa tarde, Fátima, sua dileta companheira, o pegou no maior flagrante, ao voltar mais cedo para casa, encontrou-o no quarto da empregada, nu, abraçado com Joana, a cozinheira, ele, na maior cara de pau, tentou convencer a esposa que nada havia acontecido. Foram muitas as desavenças do casal, sempre por conta de mulheres. Dona Fátima agüentava muita humilhação. Algumas amigas lhe davam conselho, devia se separar, ao mesmo tempo, não se continham com a lábia do malandro e davam também outras coisas a Popô. Ele tinha medo das duas filhas, ficavam brabas com a boemia desenfreada do pai, se metiam em sua vida, defendiam a mãe. Fátima não vivia feliz, estava resolvida a mudar de vida, dar um basta, fez terapia com um psicólogo famoso.
Início do ano passado, numa sexta-feira, Napoleão juntou-se a uns amigos de sua laia num bar do Tabuleiro, cada qual com uma rapariga de programa, beberam a tarde toda, com intervalo para amar num motel em frente. Eram seis da noite, ao voltar de uma rodada de cama, a sirigaita estava com sono, foi dormir no banco traseiro do carro de Popô. Ele continuou a bebericagem com os amigos; algumas horas depois, sentiu o álcool e o sono, deixou algum dinheiro da conta, abriu o carro, deu partida, dirigindo bem devagar para sua residência no bairro do Farol. Abriu o portão, estacionou o carro no jardim, fechou o portão, entrou em casa, Dona Fátima dormia como um menino. Seis horas da manhã a esposa acordou-se, colocou água para o café, foi ao jardim aguar as plantas, ao olhar o carro do marido, percebeu algo estranho, ao se aproximar deu um grito, havia uma pessoa dormindo no assento traseiro. Voltou ao quarto, levantou Popô aos gritos:
- “Seu sem-vergonha! Cachorro! Leve daqui sua rapariga imediatamente! Era só que faltava uma puta dormir no carro aqui em minha casa. Vá embora e não volte nunca mais!”
Napoleão levantou-se, ainda tonto do uísque do dia anterior, foi até o carro, abriu a porta, acordou a maluquete, nem imaginava onde estava. Fátima gritava, “vão embora os dois”, não quero mais lhe ver. Saiu de casa com a roupa do couro, deu ré no carro, foi-se com a rapariga. Nesse dia dormiu num hotel. Não houve jeito, com ajuda do psicólogo, Fátima teve coragem, se separou. Ela diz estar aliviada e feliz, tirou um peso de sua vida, só quer saber de andar com amigas e jogar baralho. O ex-marido dá uma pensão, basta para seu pouco consumo.
Depois de quase um ano de separação, Napoleão está se sentindo o próprio guerreiro, continua querendo deitar-se com todas as mulheres do mundo, entretanto, não quer obrigação ou compromisso com namoradas. Comprou um apartamento no Edifício Patmo na praia de Jatiúca, vive para paquera, assíduo nas noitadas da casa de dança Burgenvilia e a choparia Orákulo, ele afirma com segurança, são os locais onde se podem encontrar as solteiras e separadas mais descoladas da cidade. Outra parada de Popô nessa época de turismo são os hotéis. Está sempre em passeios com turistas.
Semana passada eu estava sozinho comendo um acarajé, em frente ao hotel Meliá, Popô pediu licença, sentou-se, encheu o copo de cerveja, conversamos por mais de uma hora. Confessou-me, sua nova namorada, tem 23 anos, uma gata, mulher ardente, na verdade uma ninfomaníaca, ele está preocupado, não tem dado conta do recado, ela sempre quer mais. Comentei, talvez fosse o peso de seus sessenta anos. Popô não gostou, sentiu-se ofendido, disse ser muito homem, não era broxa. Levantou-se, foi embora com raiva de meu pequeno comentário, sem cooperar com a conta.

Nenhum comentário: