ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

Memorial à República

HISTÓRIAS DE NOSSA REPÚBLICA

Depois de 322 anos de colônia, Portugal nos deu a liberdade, com o brado de “Independência ou Morte” às margens do rio Ypiranga o Brasil tornou-se independente, o português do grito, D. Pedro I (Dom Pedro IV em Portugal), entronou-se Imperador do Brasil. Foram mais 67 anos como Império nas mãos dos portugueses, éramos apenas uma colônia de luxo.
Em certo momento histórico alguns brasileiros pensaram na República, sistema de governo em que indivíduos eleitos pelo povo exercem o poder visando o bem comum, e por tempo determinado. A idéia de República vem de Platão na Grécia antiga, entretanto, na Revolução Francesa, com o lema, da igualdade, fraternidade e liberdade, a República foi consolidada com guilhotina e Bonaparte.
Na pequena cidade de Alagoas (hoje Marechal Deodoro) nasceram dois políticos significativos na Proclamação da República do Brasil em 1989. Tavares Bastos, advogado, pensador, deputado, foi o primeiro a se manifestar, durante o Império, sobre o federalismo e autonomia para as províncias, tentando acabar com o centralismo unitarista imperial que beneficiava apenas o sul do país. Bastos foi o precursor do federalismo republicano. A história ainda não deu o valor merecido a esse intelectual, pensador alagoano que também combateu a escravidão. Outra grande figura da República, o Proclamador, Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, nasceu em 1827 também na cidade de Alagoas, hoje tem seu nome. Por tudo isso, a bela cidade Marechal Deodoro às margens da Lagoa Manguaba é considerada o berço da República.
Na prática, o Brasil não é tão republicano como queriam os pensadores, os proclamadores. Nesses 120 de República, os governos deram maiores benefícios, privilegiaram o sul maravilha em suas medidas econômicas, sociais, culturais. A política café com leite da Velha República, em que revezavam no poder, paulistas e mineiros, as ditaduras de Vargas e dos militares, privilegiaram os Estados mais ricos, deixando o Nordeste sempre com migalhas, nós aceitamos como esmoleres.
Atualmente o governo do socialista Lula, nada tem de republicano, continuam as mazelas de privilégios ao sul. Exemplo, a Lei Rounnet, onde corre muitos recursos para projetos culturais. Nesse ano de 2009, 80% dos valores captados como incentivos foram para projetos em apenas dois estados, Rio de Janeiro e São Paulo, os 20% dividiram-se no resto do país. Todo o Nordeste, quem mais precisa desse tipo de incentivo, não teve 5% dos valores captados pela Lei Rounnet.
Nas Alagoas, a divisão de riqueza passa longe de ser republicana, historicamente oito famílias detêm mais de 60% da economia do Estado. É cruel. Minha República Federativa do Brasil é outra. Confesso, não sei se a solução está no voto ou na bala.
De qualquer maneira a democracia é a melhor forma de governo encontrada, comemoremos os 120 de República, com a convicção que precisamos ser mais republicanos, mais federalistas, ter mais igualdade, liberdade e principalmente fraternidade.
Depois desse pequeno desabafo, vou contar uma historinha. Em 2004, o governo de Alagoas construiu o Memorial da República na Avenida da Paz, um museu com homenagem justa aos dois marechais alagoanos, Deodoro e Floriano. Particularmente fui contra, como sou contra a qualquer obra que tire a vista do mar, nosso mais belo patrimônio natural.
Fiquei alegre ao receber um telefonema do Palácio dos Martírios comunicando que durante a inauguração do Memorial eu seria agraciado com a Comenda da República, criada naquele momento, me envaideci com os companheiros comendadores que receberiam também na mesma cerimônia: O presidente Lula, Zé Dirceu (antes do mensalão), Vladimir Palmeira, Márcio Moreira Alves, Galvão Bueno, entre outros. Agradeci a tão honrosa deferência. Mandei fazer terno novo, comprei camisa, gravata, cueca, sapato, meia. Estava nos trinques nas roupas e internamente na vaidade.
Na véspera do grande dia 15 de novembro, eis que recebo outro telefonema do Palácio, era o coronel do cerimonial, com uma conversa cheia de arrodeio, ele finalmente confessou, não esperavam a vinda do vice-presidente José Alencar, que eu compreendesse, era preciso dar a comenda, a minha, ao vice-presidente. Eu seria agraciado futuramente. Frustrado, agradeci. Que fazer? Sou o comendador Porcino, aquele que nunca foi. Mas a comenda foi bem outorgada, está em belas mãos. Nosso vice-presidente José de Alencar é um herói.
São apenas histórias de nossa República!

2 comentários:

Simone disse...

Histórias essas que jamais deveriam acontecer.
Como você meu querido amigo, várias outras pessoas que deveriam ser homenageadas em nosso Estado, não são.
Quando da inauguração do Centro de Convenções aqui, fiquei revoltada por demais (e sou uma simples alagoana, que nada sei), pois com tantos nomes ALAGOANOS para ser homenageado, foi colocado o nome de uma pessoa que JAMAIS pisou em solo alagoano. (se errada me desculpe).
Bjos com carinho da amiga
Si

ZAMENHOF disse...

Carlito, e você ainda comemora 120 anos de regime democrático. Um país onde hoje só conhecemos uma ditadura maqueada, onde temos até braço armado (MST). E viva o Rei.