ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA


O FLA E O FLU

Até que torci pelo Internacional, clube simpático tem a cor encarnada do CRB das Alagoas, além disso, era o time de coração do Bidão, um irmão gaúcho que perdi ano passado. Mas deu Flamengo. Mereceu, com muita fibra o time chegou à ponta do campeonato, todos os aplausos ao Rubro-Negro. Até que o Grêmio valorizou a vitória, mostrou honradez, caiu em pé sem abrir o jogo como os gremistas fanáticos pediam. Fiquei feliz pelo Andrade, excelente como jogador e como técnico, humilde, mostrou que entende mais de futebol que os Luxemburgos e Leões da vida, dois presunçosos da maior arrogância.
Também fiquei feliz pelos amigos, Radjalma Cavalcante, Léo Palmeira, Pedro Cabral, meus sobrinhos João e Gustavo, Cristiano Matheus. O povão, a periferia fez a festa. No Presídio São Leonardo e Baldomero Cavalcante as comemorações foram até de madrugada. Agora, esse negócio de Hexa, segundo a FIFA e a CBF, não existe. O título de 1987 pertence de direito ao Sport do Recife, o Flamengo se afrouxou, não jogou contra o Sport, que foi declarado o campeão brasileiro de 1987.
Já falei demais do Fla, quero também merecer um time tantas vezes campeão, meu tricolor do coração, o Flu. Até a 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Fluminense estava entre os últimos lugares, algumas vezes segurou a lanterninha, o rebaixamento estava assegurado diziam os comentaristas conhecedores profundo do futebol. Os matemáticos da Rede Globo calcularam 98,99% a possibilidade de o tricolor ir para segunda divisão, a série B. Tudo fazia crer que esse era o destino de meu time. Precisava de nove vitórias impossíveis e dois empates para o Flu escapar do rebaixamento. Ninguém mais acreditava na missão impossível, além do mais o Fluminense disputava na mesma época o Campeonato Sul Americano.
Os entendidos, os que apenas enxergam o óbvio ululante, esqueceram de um personagem de Nelson Rodrigues, que fez muitos gols, deu campeonatos ao tricolor em situações das mais adversas na história. Esse personagem, tricolor esotérico, o Sobrenatural de Almeida, entrou em campo nas partidas finais, foi escalado junto ao Fred, Conca e os meninos de Xerém. Perdendo de 2x 0 do Cruzeiro no Mineirão, o Flu virou o jogo, final de 3 x 2 pro tricolor, e fez aparecer uma inflamada Esperança na torcida tricolor, aliás, Fio de Esperança era o apelido de um dos maiores jogadores da história do Fluminense, Telê Santana.
Encaçapamos outro adversário mineiro, o Atlético. Enquanto aconteciam mais vitórias no Sul Americano vieram outras no Brasileirão. Faltando algumas rodadas, as forças das orações, dos terreiros, se juntaram ao Sobrenatural de Almeida e aos pés de Fred e Cia. O Flu continuou ganhando as partidas mais difíceis e mais diversas. Até que se deu a esperada derrota em Quito, com mais de 3.000 metros de altura ar rarefeito, faltando oxigenação, nossos jogadores cansaram, perdemos ali o Sul Americano. Esses jogos em Quito e La Paz já deviam ser proibidos há muito tempo. No Brasileirão faltava apenas a partida final para escapar do mais previsto rebaixamento. Entramos em campo com muita raça, muita garra, empatamos com o Coritiba em Curitiba, 1 x 1, na certeza que nada é impossível, aconteceu o mais difícil, o Flu foi classificado. Os meninos tricolores mostraram que jogo se ganha no campo. Essa virada tricolor do campeonato brasileiro de 2009 virou história no futebol brasileiro. Nada é impossível quando existe um objetivo, uma meta, um ideal! E viva a raça fluminense e o Sobrenatural de Almeida. Para terminar essa crônica, conto uma historinha cheia de amor ao tricolor.
Em 1973 fui eleito prefeito de Barra de São Miguel, um paraíso cheio de mar que não tem tamanho, azul esverdeado. Logo após tomar posse, a secretária de educação, me informou que Barra de São Miguel por ser um município novo, não tinha bandeira. Eu lhe falei para não se preocupar, providenciaria com urgência. À noite, ao chegar em casa, coloquei papel de desenho em minha prancheta de engenheiro, iniciei um cansativo, prazeroso trabalho, desenhei uma série de bandeiras, passei quase de madrugada com esse serviço empolgante. No outro dia apresentei cinco exemplares de bandeiras para escolher uma, e enviar mensagem para aprovação ou não na Câmara de Vereadores. Minha secretária notou uma particularidade nos cinco modelos de bandeira, eu não havia percebido, em todas elas tinham as três cores: vermelho, verde e branco. Até hoje quando alguém visita a belíssima Barra de São Miguel, admira na porta da Prefeitura, desfraldada ao vento forte, a bandeira tricolor do município.

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