ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

Foto de Carlos Mayumi - Ilha de Santa Rita - Marechal Deodoro -Al
VELHOS E NOVOS CARNAVAIS

COROA SAUDOSISTA
Helena tornou-se uma coroa gostosa, morena, dessas que a morte mata, e depois chora com pena, como disse o poeta. Ao nos encontrarmos caminhando na orla da Jatiúca, ela foi cobrando: “Só você pode fazer um movimento para retornar os carnavais antigos, você é meu saudosista predileto que ama essa cidade”. Continuamos andando, tentei explicar a amiga que não sou saudosista; saudosista é a pessoa que vive do passado, acha tudo do passado melhor e mais bonito. De fato algumas coisas foram melhores, como o romantismo, a ingenuidade. Entretanto, muitas coisas da era moderna são-me imprescindíveis: computador, celular, televisão, “pen-drive”. Outra diferença enorme entre as épocas está nas mulheres, hoje são mais bonitas e sensuais. Elas têm o mercado da beleza a seus pés. E os vestidos, hein? Os vestidos são belíssimos em tecidos finos, às vezes transparentes, realçam as curvas insinuantes das mulheres, principalmente a bunda, às vezes, de tão curto, mostra ao vivo e a cores as pernas delicadamente tratadas. Uma mulher bem vestida fica mais sensual que a nua. Tem mais! Na hora do aperto as mini-saias são de alta praticidade. Antigamente, além do vestido abaixo do joelho, as mulheres usavam anáguas, muitas vezes três, arredondando a forma do vestido. Na hora “H” era uma tremenda mão-de-obra! Precisava técnica e perícia. Helena deu uma risada ao lembrar de suas trapalhadas com vestidos, era exímia em tirá-los com rapidez. Entretanto, seu interesse, no momento, é a realização do carnaval em Maceió, confia em mim para uma campanha. Despediu-se, atravessou a rua, foi ao banco onde três ex-maridos depositam suas pensões.
CARNAVAL DE OUTRORA E DE AGORA
Continuei meu caminho, minhas divagações, carnaval sempre foi importante em minha vida, coisa séria. De fato o carnaval em Maceió de uns anos para cá praticamente acabou-se. Não vejo forma em retornar os antigos carnavais; nada será como antes, temos que pensar numa fórmula nova, moderna. Não aceito o que estão fazendo com o povo, inventaram que o folião maceioense gosta apenas das prévias, durante o carnaval a burguesia viaja para o Recife, Salvador, Barra etc... Entretanto, o povão doido por uma alegria fugaz que se chamava carnaval sai em busca de folia no interior em cima de bicicleta, carroça e a pé, como constatei nas estradas engarrafadas. Outra coisa; prévia, segundo o Aurélio, é uma mostra antes do evento. Se não existe o evento (carnaval) então não pode existir prévia. Estou disposto a entrar no movimento criado pelo Rogério Dias, o MSC – Movimento dos Sem Carnaval. Eu e Helena.
CARNAVAL EM MARECHAL
Uma boa sugestão é uma organização semelhante ao carnaval de Marechal Deodoro, o maior folião, foi o próprio prefeito, Cristiano Matheus. Quatro pólos fixos com palcos e bandas: Centro Histórico, Massagueira, Barra Nova e Praia do Francês, tocavam pela tarde e pela noite. E mais de 40 blocos saindo de todos os bairros. O carnaval teve gosto para todo mundo, a mistura do frevo com axé aumentou a alegria dos corações dos foliões que se juntaram aos turistas, se divertiram seis dias de carnaval. O Bloco dos Garçons na quarta-feira arrastou mais de oito mil pessoas na praia do Francês até virar quinta. Deu uma bela reportagem no Bom Dia Brasil da Rede Globo. É Marechal no circuito nacional do carnaval.
COROA ANIMADO
Pela minha idade, dei no coro. Fui ao Bloco do Prazer, assisti As Burrinhas da Massagueira, enfrentei a noitada do Centro Histórico, muito frevo e axé junto, dancei o “rebolations” no palco!!! No último dia, acompanhei o Bloco Latinha da Ilha, do Fernando Cavalcante na paradisíaca Ilha de Santa Rita, pulei, cantei, depois ficamos comendo e bebericando na avarandada casa conversando potoca e alegrias de carnaval.
Aproximou-se uma moça, sorriu-me: “O senhor é um coroa animado, alegre, acho bacana”. Eu pedi para tirar o “senhor”. A bela me olhou, disse que eu lembrava seu pai, também um coroa animado, folião. Perguntou quantos anos eu tinha. Sem mentir, confessei, quase 70! Recebi um tiro quando a menina comentou sorrindo: “Meu pai morreu durante o carnaval, dançando, tinha 70 anos”. Já era tarde, fui para casa esquecer a conversa da moça bonita, e esperar a quarta-feira de cinzas chegar tão depressa. Só pra contrariar.

Um comentário:

Anônimo disse...

SENSACIONAL!!!...
Meu irmãozinho:
VC FOI MUITO FELIZ nesta sua abordagem do Carná 2010.
Feliz setentinha no dia 28.
Um beijão dos manos Rubião e Alari.