ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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sexta-feira, 19 de março de 2010

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE



A PUTA

Quero conhecer a puta.
A puta da cidade.
A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.
Ela arreganha dentes largos
De longe.
Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente.
A puta quente.
É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.

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