ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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quinta-feira, 11 de março de 2010

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

O autor entre duas “tataravós” portuguesas na apresentação do livro CONFISSÕES DE UM CAPITÃO em Lisboa.
PORTUGAL MEU TATARAVÔ

LISBOA -
Nada melhor que amigos, melhor ainda se o amigo for poeta. Há tempos o poeta brasileiro André Freire, morador e cidadão de Lamego, belíssima cidade lusitana, vinha me convidando, me intimando para lançar meus livros em Portugal. Esse ano enchi-me de entusiasmo, tomei um avião, junto com a companheira, atravessei o Atlântico, aterrei em Lisboa. Lisboa velha cidade, cheia de encanto e beleza... Eu me senti em casa. Andando entre as ruas estreitas, monumentos, museus, respirei história da humanidade, história do Brasil. Aproveitamos bons restaurantes para o gostoso bacalhau português, me empanturrei com uma divina perdiz na Rua Augusta, e a sobremesa... Para ser justo com o Deus da Gula, deveria ser obrigatório comer “baba de camelo” ajoelhado. Nas noites frias e belas caminhamos pelo Bairro Alto, bares elegantes, cafés. Sentindo o suave perfume das belas mulheres bem vestidas, agasalhadas, andando sem rumo nas ruas ou simplesmente tomando cerveja em roda de conversa nas esquinas, iluminadas pelas lâmpadas amareladas do chique bairro boêmio, cheio de charme, poesia, onde casais se confundem no prazer de caminhar pelas calçadas amarelas pardacentas. Era um sábado, procuramos um fado vadio, Alentejo, indicado por Janaína. Sentamos em uma vasta mesa onde alguns casais da UNESCO se divertiam, conseguimos dois lugares, conversamos com orgulho de sermos brasileiros, ouvindo a família proprietária do restaurante, cantar saudosos fados em meio a bacalhau, vinho e alegria dos clientes. De repente, uma surpresa, uma homenagem em forma de canto ao casal brasileiro, era dia de meu aniversário. Me comovi. Lisboa ficou mais bela à noite, até à madrugada.

CASA DA AMÉRICA LATINA -
Pela manhã a grata surpresa, conheci a Casa da América Latina, organizadora do lançamento de meu livro CONFISSÕES DE UM CAPITÃO. Recebido com a fidalguia portuguesa vi de perto essa organização que tem como objetivo maior divulgar a cultura e arte da América Latina em Portugal e na Europa. A direção da CAL mostrou-me o folheto da programação do mês de março, onde consta a apresentação de meu livro, exposição de Eduardo Expósito, pintor expressionista cubano, a cantora argentina Cecília Bonardi, um recital de música uruguaia, palestra do escritor brasileiro Zuenir Ventura, entre outros eventos com artistas latinos americanos. Fiquei orgulhoso em estar naquele momento representando o Brasil, Marechal Deodoro e as Alagoas. Esse trabalho da CAL, sem fins lucrativos, é de uma enorme importância na divulgação de nossa cultura no fechado circuito europeu.

APRESENTAÇÃO DO LIVRO -
Em Portugal eles chamam lançamento de livro, com termo mais apropriado, apresentação. A Casa da América Latina organizou o evento na LIVRARIA LER DEVAGAR, encravada em uma velha tipografia, onde o proprietário conseguiu organizar estantes, mesas, cadeiras, entre escadas, deixando a enorme rotativa como um símbolo da imprensa antiga.
Apresentação marcada para 18:30 horas, os convidados foram se achegando, eu formalmente de terno, recebi-os, conheci pessoas, escritores, intelectuais, amigos de meus amigos, a filha do Tácito e seu esposo espanhol, um casal de Moçambique, outros de língua lusas, um iraniano. A cerimônia iniciou exatamente às 18:40 horas, formação da mesa. Sentei-me entre Maria Xavier da CAL e o diplomata Dario Sensi, secretário da Embaixada do Brasil. Ao falar tomei certo cuidado, tinham me advertido, a atriz e escritora Maitê Proença recentemente em uma apresentação, numa brincadeira contou piada de português. Portugal se sentiu ofendido. Eu agradeci aos organizadores pelo evento, e aos portugueses por terem dado ao mundo um presente maravilhoso chamado Brasil, pois foram eles que descobriram, colonizaram, e desbravaram Oeste com as Entradas e Bandeiras, conquistando terras que estavam além do tratado de Tordesilhas. Se não fosse o espírito aventureiro dos bandeirantes portugueses, o Brasil teria apenas um terço de sua área. Outra coisa, enquanto a colonização espanhola foi dispersa, só na América do Sul dividiu-se em nove países, Portugal conseguiu unificar o gigante chamado Brasil. Por fim fiz ver que nossa história se confunde com a de Portugal, eles são nossos tataravôs, bisavós, avós, irmãos. Agradeci finalmente aos colonizadores não terem preconceito racial, se miscigenado com as índias, com as negras, resultou essa raça bonita e sensual que tem a mulher brasileira como o mais belo espécime representante. Falei e debati sobre o livro, final de muita emoção entre vinhos e queijos.
PRÓXIMA SEMANA TEM MAIS...PORTUGAL - LAMEGO

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