ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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sábado, 8 de maio de 2010

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

A ENFERMEIRA



DESCASAMENTO
Jacinto, arquiteto de belas obras e também da vida, é um tremendo bom caráter, de bem com o mundo. Aos 45 anos era casado há 20 com Dulce, mulher amarga, complicada, vivia brigando, gostava de uma turra, sempre tinha razão, ganhava as discussões no grito, enquanto Jacinto é que nem Lulinha, de paz e amor. Muito relutou, entretanto, não agüentou, mesmo amando demais seus dois filhos, acabou o desgastante casamento. Sentiu-se aliviado, foi como tivesse tirado o peso de uma jamanta de seu coração. Ficou à toa, à deriva, livre, solteiro, dedicou-se ao trabalho, à leitura e à boemia. Poeta, escritor, fértil de imaginação, para celebrar a nova vida organizou uma festa íntima, distribuiu aos amigos um convite da “Festa de Descasamento”. Alugou uma escuna, encheu de convidados, durante um fim de semana singrou qual Cisne Branco em noite de lua pelas águas das Lagoas Mundaú e Manguaba. A comemoração rolou dois dias dentro da embarcação, muita música, suor e cerveja. A famosa “Festa de Descasamento” ainda hoje é lembrada. Dulce ficou mais amarga, sentiu-se humilhada, nunca mais falou com ele.
POLÍTICA
Certa noite Jacinto foi convidado a uma reunião política, planejamento e estratégias de campanha a deputado de certo médico, amigo do peito. Na roda, discutindo, argumentando, cheia de idéias, estava uma morena, sensual, alta, elegante, inteligente e bem falante. Impressionou na primeira hora, Jacinto ficou encantado com a moça. Aproximou-se de Katerinne, era o nome da menina, conversaram sobre a campanha e algumas amenidades. Dia seguinte telefonou para uma amiga, empolgado com aquela mulher tão viva, inteligente, olhos de Capitu e uma discreta tristeza no sorriso. Fátima deu-lhe a ficha: Enfermeira de carreira, capaz, dedicada e comprometida com seu trabalho. Mãe solteira, 40 anos. Gente finíssima.
DOMINGO DE SOL E AMOR
No domingo, dia de sol, um belo céu, o mar da enseada da Ponta Verde parecia uma imensa piscina, verde esmeralda com matizes azuis turquesas, cor exclusiva dos mares nordestinos. Jacinto tomava cerveja com amigos na Barraca Pedra Virada, quando, ao longe, avistou a doce morena. Katerinne, cabelos soltos, radiante, mais bonita do que no dia em que a conheceu. Não deu chance, foi conversar com a bela antes que desaparecesse. Resolveram esticar na Barraca para um tira-gosto e cervejinha junto aos amigos. Ficaram até tarde papeando e olhando a lua enorme nascer enorme refletindo sua boniteza prateada no mar.
A FANTASIA
Pessoas adultas, papo alto nível, desde política a sexo, alguns uísques, cervejas na cabeça, alguém sugeriu cada qual contar sua grande fantasia sexual. Depois de ouvir algumas histórias, foi a vez de Jacinto. Ele não se fez de rogado, contou seu drama, seu trauma: “Quando eu tinha 13 anos, já na puberdade, quebrei perna e braço num acidente de automóvel, fui internado no Hospital. Fiquei alguns dias sofrendo dentro do gesso. A grande dor não vinha da perna, vinha da tortura de uma enfermeira bonita, morena. Todo dia me dava banho com pano molhado, deixava o decote bem aberto e se encostava se esfregava no meu corpo com prazer, deixava-me excitadíssimo. Certa vez tentei tocá-la, a enfermeira sorrindo repeliu-me com uma tapa e colocou o dedo por cima dos seus lábios exigindo silêncio. Foram dias de jogo tormentoso, sedução, a gostosa deixou doidão aquele menino engessado. Até hoje tenho esse trauma, aquelas cenas, o dedo pedindo silêncio, ainda estão em minha mente. Minha fantasia é ter uma noite tempestuosa de amor com uma enfermeira vestida à caráter, fardada com a cruz vermelha”. Ao ouvir a história de Jacinto, Katerinne conteve a gargalhada entre as mãos, todos perceberam a malícia. No final da noite ficaram sozinhos, se beijaram, resolveram partir para um motel, no caminho ela pediu para passar rápido em sua casa. Jacinto esperou. O coração bateu mais forte, ficou encantado quando apareceu a bela Katerinne sorrindo, fardada de enfermeira, com gorro branco e a cruz vermelha.

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