ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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sexta-feira, 11 de junho de 2010

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

Carlito Lima entre 2 amores, Brasil x Portugal, no fundo trabalho da mulheres rendeiras de Marechal Deodoro. Foto: Pablo de Luca ( argentino)

AS COPAS QUE ASSISTI

Sou um curtidor de Copa do Mundo, amo essa época de expectativas, de especulações, enfim, dos jogos do Brasil. Não perco um jogo desde criança, seja ouvindo rádio ou vendo televisão. Jamais compareci a uma Copa ao vivo, no estádio. Tenho lembranças de todas. Aqui registro o que vem à memória, sem muito esforço, rápidas histórias das Copas que assisti.
COPA 1950 – No Brasil
Menino, 10 anos, eu morava na Avenida da Paz em Maceió. Fiquei fascinado com as tabelas dos jogos que me chegavam às mãos. Acompanhei pelo rádio os jogos do Brasil. Foram quatro times para o quadrangular final. O Brasil bateu de 7 x 1 na Suécia; 6 x 1 na Espanha ouvindo o Maracanã em peso cantar: “Eu fui às touradas em Madri... E quase não volto mais aqui... Pra ver Peri beijar Ceci...” Finalmente o jogo Brasil x Uruguai, bastava o empate. O Brasil fez o primeiro gol, toda a nação comemorava, eis que de repente apareceu um líder dentro de campo, Obdúlio Varela comandou a virada, final Uruguai campeão 2 x 1. Chorei muito. O Brasil, sessenta anos depois, ainda chora 1950.
COPA 1954 – Na Suíça
Jovem estudioso, adolescente de 14 anos. Todo tarde depois do colégio, recolhia-me a uma puxada no quintal de minha casa, era meu mundo, minhas fantasias, guardava recortes de jornais e da Revista do Esporte. Torcedor do Fluminense, acompanhava o time que deu três grandes jogadores para seleção de 1954, Castilho (goleiro), Veludo (goleiro) e Pinheiro. Os jornais traziam reportagens sobre o grande futebol da seleção húngara. Durante a preparação para Copa, a Hungria massacrava os adversários de 7 x 1 aos 12 x 0. Eram Puskas e Kocsis os donos do mundo. O Brasil teve o azar de pegar a Hungria nas quartas de finais, foi derrotado por 4 x 2, voltou para casa. Na final deu Hungria x Alemanha, a zebra entrou em campo em Berna. Depois de estar perdendo por 2 x 0, a Alemanha virou, foi a campeã (a Hungria havia ganhado da mesma Alemanha por 8 x3). Recortei da Revista do Esporte uma foto do time alemão, os onze jogadores em pé ao lado do outro, preguei na parede.
COPA 1958 – Na Suécia
Eu terminava o curso da Escola Preparatória de Cadetes do Exército em Fortaleza, 18 anos. Primeiro jogo, Brasil x Áustria, bebericamos cubalibre na calçada de um amigo ouvindo o rádio com interferência gritando os gols do Brasil, 3 x 0. Com a alegria de jovens cadetes fizemos maior farra num cabaré, dançamos, comemoramos a grande vitória. A segunda partida ouvi num rádio portátil dentro da mochila, marchava em exercício pelas ruas da cidade, Brasil 0 x 0 Inglaterra. No jogo Brasil x União Soviética desbancamos o futebol científico alardeados pelos comunistas, eles eram favoritos. Como ser favorito num jogo onde estreiam juntos Garrincha e Pelé? Deu 2 x 0. Daí em diante Pelé reinou, 1 x 0 no País de Gales, 5 x 2 na França e finalmente 5 x 2 na Suécia. A dona da casa aplaudiu em pé. Pela primeira vez Brasil campeão do mundo. Nelson Rodrigues escrevia: “Acabou-se nosso complexo de vira-lata.”
COPA 1962 – No Chile
Morava na Bahia, eu era Aspirante do Exército formado recente na Academia Militar das Agulhas Negras, 22 anos, acompanhei as vitórias e os dramas do Brasil num rádio do quartel do 19° Batalhão de Caçadores em Salvador. Após o jogo final foi uma só comemoração pelas ruas estreitas da cidade com o amigo Ângelo Roberto, hoje maior pintor da Bahia. Pela manhã da segunda-feira, durante a formatura matinal do Batalhão, ainda ouvia os gritos e os cantos de Bi-Campeão. Foi usado pela primeira vez o vídeo - tape. Na noite após os jogos, mais outra rodada de cerveja assistindo o jogo pela televisão.
COPA 1966 – Na Inglaterra
Nessa época era tenente, 26 anos, eu servia na 9ª Companhia de Fronteiras da Amazônia, fronteira do Brasil com Venezuela e Guyana. Passei dois anos em Roraima, um período importante e feliz de minha vida, mesmo cheio de problemas políticos e existenciais. O Brasil favorito, com Garrincha e Pelé a seleção era considerada imbatível. Os cartolas começaram a perder a copa fora do campo. Para valorizar os jogadores brasileiros os clubes exigiram, em vez de 22, foram convocados 44 jogadores. Uma esculhambação. Resultado, com Pelé e Garrincha, o Brasil não passou da fase classificatória. Ganhou a primeira 3 x 1 da Bulgária, perdeu 3 x 1 da Hungria e a última deu Portugal 3 x 1. Classificado Portugal, Euzébio era novo rei da bola. Torci por Portugal, mas deu Inglaterra na final contra a Alemanha.
CONTINUA...

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