ARTE: ARQUITETA CAROLINA LIMA

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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA


AMOR NO TEMPO DE FLIMAR

Joaninha é professora, cinquentona bonita, seus apetrechos anatômicos são ainda duros e bem cuidados. Cedo largou do único marido, resolveu se dedicar à profissão, à literatura e aos homens. Gosta de escrever, está no terceiro livro, tem fértil imaginação, procura no dia-a-dia os assuntos de sua crônica semanal num Blog Literário de um amigo, ex-amante.

Veio da Bahia para a Festa Literária de Marechal Deodoro, hospedou-se numa bela pousada na Praia do Francês onde conheceu alguns dos grandes escritores e artistas convidados para dar palestras, oficinas e outras artes.

Compareceu a todas, se emocionava com as histórias contadas pelos palestrantes, entretanto, se amarrou, durante a noite, no show com folguedos, chegança, pastoril e a Banda de Pífano. Amou os velhinhos: Nelson da Rabeca e Seu Zezinho do Saxofone, um show à parte.

Logo estava entrosada com os escritores, visitantes, poetas, e outros participantes da FLIMAR. Após a palestra de uma grande figura da literatura brasileira, não teve dúvida, deu em cima do célebre autor. Ele ao ver Joana cheia de dengue, anatomia bem distribuída, o vestido apertado mostrava o contorno de uma belíssima bunda, mulherengo, foi dizendo, era a morena mais frajola da Bahia. Joaninha sorriu debochada nos olhos de nosso amigo, entregou-lhe um livro pedindo autógrafo. O mestre se recostou num estande de artesanato, ajeitou o livro, abriu na primeira página, escreveu antes do jamegão: “À Joaninha, a mais calipígia das mulheres dessa Festa Literária de Marechal. Um abraço e um beijo do seu........” Ela leu emocionada, disse obrigada, marcou com a celebridade, mais tarde no Largo da Matriz onde haveria um concerto de coral e banda em homenagem aos 100 anos da Filarmônica Santa Cecília.

Joaninha foi direto à biblioteca, abriu o dicionário, procurou até encontrar onde Aurélio escreveu: “Calipígia: Que tem belas nádegas”. Não se conteve, saiu às gargalhadas falando para si mesma, é hoje que dou.

Eram sete da noite quando Joana, depois de um longo banho, toda cheirosa à Fleur de Rocalle, saiu do apartamento, deu de cara com o nosso amigo, ela não conteve a risada, perguntou se ia ao Centro Histórico, o escritor ofereceu carona no carro que a Prefeitura deixou à sua disposição. A professora sentou-se no banco de trás, como uma rainha, vadia, abriu o corte lateral do vestido mostrando suas lindas pernas, o laureado conversava sempre se virando, excitado por aquela magnífica visão sensual.

Os dois passearam juntos, tomaram cerveja, vendo, ouvindo, no palco a apresentação do CORETFAL, mesmo show que brilhou na Europa, semana anterior. Foi uma noite de muita música, metais em brasa. Certa hora os dois dançaram na rua, rostos colocados. Encontraram-se com outros palestrantes e artistas. Divertiram-se. Deu meia-noite, hora de voltar para a pousada.

O Sol estava lindamente nascendo, subindo acima do horizonte do mar da Praia do Francês, quando bateram na porta do quarto do escritor, aeroporto, embarcar, avião não espera. Joaninha se fez de pudica, colocou o lençol por cima dos seios, vestiu-se depressa, deu um beijo no companheiro da noitada maravilhosa, discretamente trocou-se para seu quarto.

Enquanto nosso herói ainda voava, Joaninha estava no auditório conversando nos olhos de um poeta pernambucano. Assistiram juntos a belíssima palestra da Marina Colasanti, ouviram a oficina de Antônio Torres, o belo show de poesia de Chico de Assis.

Mais tarde, de mãos dadas, subiram e desceram, cantando em serenata pelas ruas estreitas do Centro Histórico de Marechal Deodoro, entre a multidão arrastada pelos Seresteiros da Pitanguinha, aplaudidos pelo povo que abria as janelas do casario colonial, barroco, da linda cidade quatrocentona.

Joaninha se deu bem, o jovem poeta fez esquecer o fugaz amor de uma noite com seu adorado e célebre escritor. José, o poeta, grande recitador, não deixava a oportunidade escapar, em cima de palcos, em cima de bancos, em cima de Joaninha, recitava poemas, bonitos cordéis da literatura nordestina ou versos românticos de Vinicius. Nossa professora ficou extasiada, transportou-se de corpo e alma para o Parnaso.

Joana se aquietou, foi fidelíssima com o poeta até o final da Festa. Carente, encontrou o queria, poesia, carinho e amor. Prometeu voltar para a 2ª FLIMAR arrasando, pediu para dar uma palestra em 2011: “A Poesia e o Sexo”.

Quem viver verá.

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